sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Ler Michel Melamed é inquietar o espírito...

Todas as vezes que leio Michel Melamed, amiga leitora, me sinto diferente. As palavras dele mexem com o que tenho de mais intrínseco. Michel penetra em minh’alma, rasga-me e me deixa perturbada, inquieta, pensativa, agitada, reflexiva. Uma mistura de sentimentos fervilha por dentro. A excitação é tanta que paro de pensar em tudo. Fixo-me apenas às palavras daquele Homem Encantador. E essa fixação faz com que tais palavras (ora amáveis, ora agressivas) me cerquem e formem uma capa, como se quisessem me cobrir. Então, aí, já me vejo repleta de Michel Melamed, dentro e fora.

E passo muito tempo assim, nesse misto de prazer e encantamento. Minutos, horas, dias.

Pois bem, eis que há uns muitos dias eu já não desfrutava de tais sensações. Nenhuma notícia chegava. O espaço destinado aos textos de autoria dele estava um tanto abandonado. Eu começava, então, a sentir um vazio de textos Melamédicos. Minh’alma tinha fome e sede de palavras não menos explosivas do que inebriantes. Estava quase morrendo. Sobrevivia apenas porque me restavam emoções de escritos mais antigos do pós-poeta (e confesso que, apesar de menores, as emoções eram suficientes para me manter viva).

Quando, depois de muito esperar, leio uma notícia: “Texto novo no blog do MM”. Apenas o ato de ler tal notícia, eriçou-me os pêlos. Agitei-me. Um calafrio percorreu meu corpo. E não tardei em acessar o Blog do poeta.

Abri o Blog. O texto brilhava. As palavras tilintavam. Meu coração palpitou. Minha mão suou. Logo comecei a ler. Li e reli umas duas ou três vezes. Quis que cada palavra alimentasse o meu ser. E, mais uma vez, senti a inquietação se sempre. As palavras me rondaram, entraram e saíram de mim.

Não muito depois, peguei um lápis e um papel. Decidi jogar minha interpretação numa folha em branco. Consegui, ainda que muito inquieta. Interpretei e deixei no Blog para que ele lesse.

E, agora, amiga leitora, compartilho contigo minha interpretação para o texto de Michel Melamed nascido há três dias.


"Anotei o que pediste: um grande amor acabou assim. Anotei e continuei a te ler. Ao terminar a leitura, senti-me perturbada. Tuas palavras inquietaram-me o espírito. Senti um misto de prazer e desgosto pelo teu texto. De imediato, tentei interpretá-lo. Mas, a perturbação foi tanta que não consegui arranjar palavras para tal interpretação.
E me veio, mais uma vez, a estagnação ao tentar te escrever. Mas, desta vez, ela veio acompanhada. Do silêncio. Do amor. E, esses dois últimos, sobrepuseram-na e falaram a mim. Bati um papo com o silêncio. Perguntei por que ele te cercava, por que chegava a ti. Ele me respondeu brevemente, dizendo que talvez se misturasse ao vazio que tu, por ventura, pudesse estar sentindo. Concordei com tal silêncio (que, para mim, não foi nem surdo, nem mudo e tanto falou). E te digo: talvez esse silêncio cego-cão-Jesus-perneta-retardado-suicida seja sinônimo de um enorme vazio em teu peito; a certeza de que não se está bem e de que a falta de algo essencial é imensurável.
Mas, o que seria essa falta? Não tive tempo de perguntar ao silêncio. Ele se afastou. Tomou o lugar dele o Amor. Esse amor quis conversar comigo. Logo nos primeiros minutos de conversa, vários trechos de teu texto me vieram à mente. Tentei conectar o silêncio com o amor. O amor no silêncio. Não sei se consegui, pois não expus minha opinião. Mas, ele me falou das tuas (opiniões). E ficou chateado, uma vez que proferiste tais palavras: “O amor é porco. Te come e arrota na cara.”. Palavras me faltaram para responder ao amor. E ele me deixou só. Aliás, a estagnação ainda estava comigo. Confesso que ela foi legal; deixou-me pegar teu texto mais uma vez e reler.
Aí, consegui fazer alguma conexão. Pude sentir uma certa melancolia e raiva em tuas palavras, ao falar do amor. Será que isso é a causa para sentires um vazio-silêncio, tão cheio? Li tua analogia à morte, senti teu desejo de um beijo intenso, compartilhei teus momentos de insônia e toda a tua revolta. Refleti, ainda, sobre as conversas que tive com o amor e com o silêncio. Tirei uma conclusão. Parece evidente que tu não te sentes bem e que o amor já te decepcionou. Arrotou na tua cara, te levou ao cemitério, te socou o olho.
Mas, creio que não consegues viver sem amor. Mesmo que ele te machuque. Porque a falta de amor te traz o silêncio. Porque, quando estás sem amor, o silêncio vem te acompanhar. Esse silêncio que é o melhor, que é campeão, que tem um brilho no olhar. Um silêncio que é um vazio te corroendo por dentro. E sentes vontade de gritar, de explodir.Calma, ainda tens o amor. Mesmo que te machuque. Machuca, mas não mata. O que mata é o silêncio. Te mata e se mata. Então, pede para que o silêncio vá embora e te cala. Tragas de volta a vontade e a esperança de um amor sem espinhos. Um amor assim não pode acabar.

Agora, com amor saudável, calo-me eu. E vou-me embora. A estagnação me espera. A ti, deixo um grito e um beijo estalado na palma de tuas mãos."

6 comentários:

  1. É aninha já haviamos conversado sobre isso estavamos tentando entender aquele texto do nosso pós-poeta, porque palavras tão ásperas para descrever o amor? Seria em relação ao seu último relacionamento ou sobre todos os que ja tivera?? Muitas dúvidas e um única certeza..decepcionado, amargurado, triste, isso era o que sabiamos o que estava claro naquele texto que confesso também deixou-me inquieta. Outra coisa também era certeza; a vontade de consolá-lo de perguntar o que havia...o que fizeram com ele...e como infelizmente não podemos fazer isso pessoalmente restou-nos as palavras que deixamos em seu blog. Engraçado as reações que os textos de Michel nos causam é um mix de sentimentos, um turbilhão, acho que seria o termo mais coerente que nos deixa hipnotizadas a cada linha. Esse texto em especial pelo menos me causou tb uma inquietude..não sei como se fosse um enigma que eu tinha que desvendar...as analogias citadas, os palavrões, as metáforas,TUDO, tinha que ser cuidadosamente interpretado, acho que consegui ao menos dei meu parecer. Bom, sem mas delongas espero que ele nos encha cada vez mais de tantos sentimentos misturados, que não nos deixe mais com o silêncio que nos pertuba bem mais que suas palavras, enfim, que nos embreague com seu brilhante trabalho...E aninha me tira uma dúvida...vc dorme de bruços??? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ai q horror (não resiste) kkkkkkkkkkkkkkk.... super beijos ;*

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  2. Jó, deixa eu te contar um segredo! Eu durmo de bruços sim! ashuasuhsauhasuhsauhsau

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  4. Aninha, parabéns pelo texto!
    Bom, quando eu estava inspirada meu comentário não saiu, hoje como estou melancólica, estou sem criatividade para escrever algo interessante.. mas venho lhe dizer mais vez: Belo Texto!!
    Um grande beijo a todas!

    ps: Consegui descobrir o problema meninas.. antes de comentar eu preciso fazer o login, coisa que esqueço sempre.. era esse o motivo dos erros.

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  5. Belo Texto!!!!!
    Como sempre o pessoal aqui arrebentando nos posts!!!
    Saudades...
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  6. Gostei do seu texto, Parabéns! Mas, queria lhe perguntar como ter acesso aos textos de Michael Melamed, procuro pela internet e encontro pouco sobre ele, se vc tiver algum link, por favor, post aqui. Grata!

    Bjim*

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