Não é novidade. Os textos de Michel Melamed me perturbam. Causam em mim uma profunda excitação e uma disfunção descomunal. As palavras penetram de uma forma misteriosa e se fincam na parte mais intrínseca de meu ser. Não saem.
Fico atônita todas as vezes que, não somente leio, mas vejo e ouço o Pós-Poeta.
E, nesses últimos dias, dois dos escritos dele não pararam de se revirar dentro de meu espírito. A ‘Fábrica de Porcos’ e o trecho do Curta ‘Brasília 18%’, a toda hora, estalaram em mim. Algumas palavras se repetiram com mais freqüência, outras alfinetaram meu pensamento. Deixaram-me, como sempre, inquieta.
A porquidão se conectou à “selva brasileira, minha gente” e enxerguei a bandidagem política na Fábrica de Fazer Porcarias.
A realidade da política brasileira me indigna e não me faz pensar em outro aspecto senão como sendo, ela mesma, uma Produtora de Imundícies.
Assim, nessa visão espurca da politicagem e oscilando entre o lado bom e o ruim de nosso País, resolvi pesquisar outros escritos e/ou falados de Michel sobre assuntos parecidos.
Encontrei dois trechos de duas entrevistas que ele deu a dois Jornais.
Compartilho, então, com vocês esses trechos e peço para que expunham seus pensamentos sobre tal.
“Estamos doentes. Vemos, diariamente, nas primeiras páginas de jornais atitudes inaceitáveis. Andamos pela rua e não há indícios de civilidade. E todos saem impunes. Mas tenho a sensação de que o Brasil, em vez de ser tratado como um doente grave, é encarado como um país MORTO. Como um cadáver insepulto. Existe uma sensação generalizada de que nada pode ser feito. Quero acender uma faísca, uma carta de amor ao Brasil POSSÍVEL.”
Michel Melamed para o Jornal do Brasil em 3 de setembro de 2007
“Estou dividido entre o Brasil que amo e o Brasil que não suporto. O Brasil das milhões de maravilhas, da música rica que gera interesse, do orgulho compartilhado com todas as artes, de todos os clichês. Do país da mulher bonita, do clima fantástico, das riquezas naturais, do astral do povo. O Brasil das máfias em TODOS os segmentos, da violência diária na qual todo mundo é uma merda. Qualquer um chuta qualquer um e nada acontece.”
Michel Melamed para o Correio Braziliense em 2 de agosto de 2007
Um beijo mélico,
Aninha