quinta-feira, 4 de junho de 2009

Em cena

Michel Melamed estará em cartaz no Rio de Janeiro durante o mês de junho.

Cariocas, aproveitem!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sobre o silêncio.

“PIOR DO QUE UMA VOZ QUE CALA, É UM SILÊNCIO QUE FALA”
'Então, parei para interpretar a frase acima e ... imediatamente me veio à cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis pois, você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um E-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.
Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas. Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão?
O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim.
É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento. Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo. Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado. Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: " Diz alguma coisa, mas não fica aí parado me olhando! "
É o silêncio de um, mandando más notícias para o desespero do outro.
É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo. Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz.
O único silêncio que perturba é aquele que fala. E fala alto.
É quando ninguém bate à nossa porta, não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim você entende a mensagem...'

sábado, 23 de maio de 2009

Michel...

está 'estarrecido, chocado, indignado' com culto ao Nazismo.

É, o acontecimento foi ontem, dia 22/05. Segundo Michel e um amigo, a Adidas, grande empresa alemã, mostrou seu lado "favorável" ao Nazismo.
A empresa organizou uma festa numa casa na Gávea, para convidados. Mas, coincidentemente ou não, a casa era dotada de símbolos que lembravam Hitler e seus seguidores.
Os azulejos da piscina eram desenhados com suásticas. Em um dos quartos da casa, havia um retrato a óleo de um militar nazista. E, no bar, encontrava-se um poster da "Hamburg Kriegsmarine" (Marinha alemã).

Realmente, não me contive em comentar tal fato. Expus a Melamed o que sinto.
E segue minha indignação:

"Nem tudo é perfeito. E o que um olhar analítico não é capaz de observar? Até as grandes empresas vacilam. Cultuar o Nazismo numa política tão libertina e tão liberal como é a do Brasil é um terrível paradoxo. Brasileiros (mestiços e multiculturais) exaltando um regime tão conservador e tão devastador? "É a selva brasileira", Melamed. Definitivamente, é o Brasil que eu amo, que eu odeio. O Brasil dos mulatos, caboclos e cafuzos. O Brasil dos católicos, dos judeus, dos macumbeiros, dos ateus. E, agora, o Brasil dos Nazistas. Seria o fim? Fica longe dessas suásticas, caro judeu. Até."


É, minha gente, mais uma vez eu digo "É a selva brasileira".
O pior é que há pessoas tão mesquinhas a ponto de defender a Adidas.
Mesmo que a casa tenha sido apenas alugada para a festa (foi o que eu soube), a empresa vacilou.


Mais informações?
Acesse: http://oglobo.globo.com/blogs/cuenca/ ou Blog do Michel Melamed.




Até,
Ana Paula

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Machado de Assis - Dom Casmurro

Capítulo CVIII - Um Filho

Pois nem tudo isso me matava a sede de um filho, um triste menino que fosse, amarelo e magro, mas um filho, um filho próprio da minha pessoa. Quando íamos a Andaraí e víamos a filha de Escobar e Sancha, familiarmente Captuzinha, por diferenciá-la de minha mulher, visto que lhe deram o mesmo nome à pia, ficávamos cheios de inveja. A pequena era graciosa e gorducha, faladeira e curiosa. Os pais, como os outros pais, contavam as travessuras e agudezas da menina, e nós, quando voltávamos à noite para a Glória, vínhamos suspirando as nossas invejas, e pedindo mentalmente ao céu que no-las matassem...
... As invejas morreram, as esperanças nasceram, e não tardou que viesse ao mundo o fruto delas. Não era escasso nem feio, como eu já pedia, mas um rapagão robusto e lindo.
A minha alegria quando ele nasceu, não sei dizê-la: nunca a tive igual, nem creio que a possa haver idêntica, ou que de longe ou de perto se pareça com ela. Foi uma vertigem e uma loucura. Não cantava na rua por natural vergonha, nem em casa para não afligir Capitu convalescente. Também não caía, porque há um deus para os pais novos. Fora, vivia com o espírito no menino; em casa, com os olhos, a observá-lo, a mirá-lo, a perguntar-lhe donde vinha, e por que é que eu estava tão inteiramente nele, e várias outras tolices sem palavras, mas pensadas ou deliradas a cada instante. Talvez perdi algumas causas no foro por descuido.

sábado, 16 de maio de 2009

Sherazade e as Mil e Uma Noites

Conta-se que em tempos remotos havia um rei membro de uma poderosa dinastia que descobre certo dia que sua mulher o trai com um escravo. Shariar, em crise, sai pelo mundo acompanhado de seu irmão numa busca: ele quer saber se existe alguém mais infeliz do que ele. A resposta é positiva e quem lhe garante isso é uma bela jovem que também trai o marido. Desesperado, eles retornam ao reino e Shariar decide tomar uma atitude violenta: se casaria a cada noite com uma jovem diferente, e no dia seguinte mandaria matá-la. O chefe de estado ficava absorto em seus pensamentos e aflições. O desespero do homem traído que nunca mais confiaria nas mulheres! Depois de várias mortes, aparece a jovem Sherazade, filha de seu principal vizir. Ela pede ao pai que deseja se casar com o rei. O pai não entende o que a filha planeja, tenta impedir, mas de tanto insistir, ela o convence. A bela sultana possui grande cultura e inteligência. Ela elabora uma estratégia e por meio de histórias que vai sucessivamente, noite após noite, contando a um rei que no início estava desesperado, mas aos poucos, ouvindo as histórias, vai se apaixonando por ela. Sherazade contando suas histórias vai aos poucos mostrando seu amor, seu respeito e fazendo Shariar feliz. A sultana usava sua perspicácia e improvisação para que, além de salvar sua própria vida, salvasse também a vida de todas as mulheres do reino. Shariar sofre e tem uma crença de que ninguém poderia amá-lo verdadeiramente; ele se apresenta como um homem que perdeu a fé na humanidade e decide que daí para diante não dará possibilidade a nenhuma mulher de traí-lo, e levará apenas uma vida de prazer. Dorme cada noite com uma virgem, que é morta na manhã seguinte pelo seu vizir.
Sherazade desde o início mostra a esperança da narração. Ela acredita que suas histórias possam desviar o rei de seu hábito. O rei Shariar simboliza uma pessoa completamente dominada por seus fracassos. Sherazade, a heroína, coleciona crônicas de pessoas antigas e poetas, lê livros de ciência, medicina, e sua improvisação na hora de finalizar uma história deixa aquele ‘’sabor de quero mais’’ na vida do rei. Uma mulher sábia, espiritualizada e de boa formação e linda! Além de tudo isso, Sherazade tinha um projeto político bem traçado, que foi libertar todas as mulheres do reino do terrível destino imposto pelo rei. O amor no lugar do ódio e da vingança, os prazeres do sexo e a criatividade de inventar uma história cada noite. Mil e uma noites de amor: uma mulher feliz e realizada e um homem que percebeu que valia a pena mudar de idéia em relação ao que pensava sobre as mulheres.

Fonte: Texto publicado em maio de 2008 no Jornal Voz da Terra, da cidade de Assis SP.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Conto - Clarice Lispector

As Águas do Mundo

Aí está ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar. Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões. Ela olha o mar, é o que pode fazer. Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra. São seis horas da manhã. Só um cão livre hesita na praia, um cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é um mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar. Seu corpo se consola com sua própria exigüidade em relação à vastidão do mar porque é a exigüidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exigüidade que a torna pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo, mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora da manhã, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto, prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem. Vai entrando. A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas. Mas uma alegria fatal – a alegria é uma fatalidade – já a tomou, embora nem lhe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares. E agora ela está alerta, mesmo sem pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda – e abre caminho na gelidez que, líquida, se opõe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que oposição pode ser um pedido. O caminho lento aumenta sua coragem secreta. E de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda. O sal, o iodo, tudo líquido, deixam-na por uns instantes cega, toda escorrendo – espantada de pé, fertilizada. Agora o frio se transforma em frígido. Avançando ela abre o mar pelo meio. Já não precisa da coragem, agora, já é antiga no ritual. Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar, e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem. Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol, quase imediatamente já estão endurecendo de sal. Com a concha das mãos faz o que sempre fez no mar, e com a altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos: com a concha das mãos cheias de água, bebe em goles grandes, bons. E era isso que lhe estava faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem. Agora ela está toda igual a si mesma. A garganta alimentada se constringe pelo sal, os olhos avermelham-se pelo sal secado pelo sol, as ondas suaves lhe batem e voltam pois ela é um anteparo compacto. Mergulha de novo, de novo bebe, mais água, agora sem sofreguidão pois não precisa mais. Ela é a amante que sabe que terá tudo de novo. O sol se abre mais e arrepia-a ao secá-la, e ela mergulha de novo; está cada vez menos sôfrega e menos aguda. Agora sabe o que quer. Quer ficar de pé parada no mar. Assim fica, pois. Como contra os costados de um navio, a água bate, volta, bate. A mulher não recebe transmissões. Não precisa de comunicação. Depois caminha dentro da água de volta à praia. Não está caminhando sobre as águas – ah nunca faria isso depois que há milênios já andaram sobre as águas – mas ninguém lhe tira isso: caminhar dentro das águas. Às vezes o mar lhe opõe resistência puxando-a com força para trás, mas então a proa da mulher avança um pouco mais dura e áspera. E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando de água, e sal e sol. Mesmo que o esqueça daqui a uns minutos, nunca poderá perder tudo isso. E sabe de algum modo obscuro que seus cabelos são de náufrago. Porque sabe – sabe que fez um perigo. Um perigo tão antigo quanto o ser humano.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A função da Arte

“Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: - Me ajuda a olhar!”


Eduardo Galeano

domingo, 3 de maio de 2009

Crítica - Homemúsica

As hélices convexas de um helicóptero em miniatura - por Paulo Bio Toledo

Prólogo

Michel Melamed é sensação cult. Tem fileiras de fãs. Dezenas de comunidades no Orkut. Sites e blogs na internet com mais de mil visitas diárias. Programa na TV. É o Dom Casmurro da Rede Globo. E já rodou o mundo tomando choques e queimando dinheiro. Michel Melamed é um poeta dentro de um liquidificador de linguagens. Seu Homem-música Helicóptero voa baixo e distante… Seu som é um eco longínquo no segundo plano de um teatro deslumbrado e ansioso por, agora sim, Michel Melamed (!).

Capítulo 1 - Da contradição entre o sucesso e a provocação

Melamed é uma máquina de conceitos. Em entrevista ao jornalista Valmir Santos, no ano de 2006, regurgita dezenas deles: “terceira via para a cena”; “espectador co-autor”; “transgressão de forma e conteúdo”; “tudo emana da página em branco”; “profanação do espaço”; “síntese do espectador” etc… Dentre todos (nenhum muito original, já diria Hans-Thies Lehmann, enquanto levava travesseiradas de Iná, podemos encontrar um lugar, uma inquietação que permeia seu imaginário: a ação de “provocar” “sacudir” as composições habituais do teatro e da sociedade. Que, através de sua manifestação teatral-performática criem-se novos canais de percepção, pensamento e cognição sobre, no caso dessa Trilogia Brasileira, o Brasil. Mas Melamed é sensacionalmente Cult. Desde seus patológicos auto-choques regurgitofágicos é o menino contemporâneo da cena teatral. De seus espetáculos já se espera, previamente, a provocação em fragmentos. A fórmula, já bastante assimilada, é inserida, até o cansaço, numa estrutura “espetacularizada” dele mesmo: o show de seu “anti-show”. Em outros termos: sua tentativa de impor uma fórmula de ruptura “pós-dramática” acaba por superdimensionar a estrutura provocativa. O que esconde, por assim dizer, os aspectos históricos tanto do teatro quanto da sociedade. Pra não falar do Brasil, que se pretende tema da trilogia. E a explosão formal passa a sobreviver por si só. A obra como recipiente de um vanguardismo experimental pré-moldado. E, assim, ele provoca quem?

Capítulo 2 - Da dicotomia inevitável entre arte e vaidade

Entre aquilo que se convencionou chamar “estilo” ou, em outro campo do pensamento, “autoria” encontram-se as características que delineiam, na forma, um pensamento sobre arte de um determinado indivíduo. No nosso incansável mundo da mercadoria isso é a ponta de lança do marketing. Michel Melamed e sua estética provocativa, cômica, poética e artificialmente visceral já estão, como tudo, previamente empacotados e pronto a serem consumidos. Todavia, nosso Melamed parece esbaldar-se com seu rótulo; utiliza-se, para tanto, dos recursos mais diretamente ligados a sua “marca”. A grande imagem disso é a projeção no meio do espetáculo das outras duas partes da “Trilogia Brasileira” (Regurgitofagia e Dinheiro Grátis). Não como diálogo continuado, afinal trata-se de uma trilogia, mas como objeto de sarcasmo do “apresentador” – personagem estereotipada que remete ao que há de mais perverso na mídia. Ou seja, através de vias tortas, um auto-elogio. Seu trabalho prévio aparece como a própria estética do contraponto; que enoja os conservadores. Ademais, os recursos de stand-up, da imitação cômica, da música pop, com seu inevitável líder popstar, das poesias autorais etc. remetem todos com furor e alta velocidade ao verdadeiro protagonista: Michel Melamed. Ou melhor, remetem às potencialidades técnico-artísticas de Michel Melamed e seu incrível teatro performático. Conclui-se, ao fim de Homemúsica, que Michel Melamed é um bom ator e um imitador bastante engraçado; além do que, toca guitarra, canta e escreve poesias.

Capítulo 3 – A overdose de subjetividade liquida e a morte lenta e gradual desta crítica que se tentava material

Da poesia restam estilhaços cortantes; alguns fragmentos de músicas; um ou outro momento de puro lirismo… (daqueles que já se queixava Manuel Bandeira: sem qualquer sombra de libertação). E em programa enorme em branco… A ser preenchido? A afirmar o vazio metafísico da existência? Ou a lembrar as brancas torres de marfim? “E a cidade dizia: fudeu…” … de visceral fica só o tédio…

Epílogo

Enquanto escrevo essa crítica, da rua eu ouço um grito inconformado de uma menina ao celular:
“Só podia ser carioca!”
É a deixa mítica pra que se encerrem essas linhas…
70×40 de uma cartolina em branco representam quantos por cento de uma árvore?

Fonte: Publicado em 1, April, 2009 - Revista Bacante

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Odisséia, de Homero - Penélope

Como é sabido, Penélope, esposa de Ulisses, no texto homérico ‘A Odisséia”, é inspirada por Athena a tecer uma mortalha destinada ao corpo do velho Laertes, seu sogro. Uma mortalha para o corpo do pai de Ulisses, e, também limite mortuário para o corpo do esposo cuja ausência já se estende por vinte anos. Apaixonada e fiel ao seu marido, Penélope decidiu que o esperaria até a sua volta. Porém, perante a insistência de seu pai, e para não desagradá-lo, ela resolveu aceitar a corte dos pretendentes à sua mão, mas com uma condição: casaria somente após terminar de tecer a mortalha de seu sogro, Laertes. De dia, aos olhos de todos, ela tecia; à noite, desmanchava todo o trabalho. Penélope fia para sobreviver e, com isso, tece seu destino.

O ato heróico de Penélope só pode ser reconhecido exclusivamente por ela. O segredo é que sustenta sua espera. Reclusa em sua atividade, apenas Penélope pode reconhecer a dimensão do seu ato, valorizando, assim, seu heroísmo, porque, afinal, só a ela cabe bordar e desmanchar os pontos, seu ato sempre inconcluso.

A identidade de Penélope se estabelece na trama do bordado: lugar de onde partem todos os seus questionamentos frente ao mundo cerceador. Fazendo e desfazendo suas dúvidas, Penélope realiza a tessitura infinda da vida, da espera, da viagem pelos mares abissais da sua existência, uma circunavegação de si mesma.

A poeta baiana Myriam Fraga posiciona tanto Ulisses como Penélope em sua trama poética:

Há os que partem
E os que tecem,
Na urdidura das sombras
É Penélope
Mais astuta que Ulisses?
Quem dirá na surdina
Do heroísmo dos pontos,
O selvagem pontear
Das agulhas na carne?
São pontos de um bordado
Que não cresce
Que se renova apenas
Do que tece e destrói
Nos dedos que noturnos
Desenlaçam
O fio das meadas.
No entanto esta tarde é
Como um barco
Onde me ausento
De mim, de meus cansados
Molhes de pedra.
A angústia é meu timão,
Meu astrolábio
Nesta inquieta jornada.

Fonte: PENÉLOPE NA POESIA DE MYRIAM FRAGA: UM ARQUÉTIPO (DES)CONSTRUÍDO - Ricardo Nonato Silva (UFBA/FAPESB)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Trecho de Entrevista – Michel Foucault

Sobre o silêncio:

- A apreciação do silêncio é uma das numerosas coisas que um leitor, sem que se espere, pode aprender de sua obra. Você tem escrito sobre a liberdade que o silêncio permite, sobre suas múltiplas causas e significações. Em seu último livro, por exemplo, você diz que não existe apenas um, mas numerosos silêncios. Seria fundado pensar que há ai um potente elemento autobiográfico?

- Penso que qualquer criança que tenha sido educada em um meio católico justamente antes ou durante a Segunda Guerra Mundial pôde experimentar que existem numerosas maneiras diferentes de falar e também numerosas formas de silêncio. Certos silêncios podem implicar em uma hostilidade virulenta; outros, por outro lado, são indicativos de uma amizade profunda, de uma admiração emocionada, de um amor. Eu lembro muito bem que quando eu encontrei o cineasta Daniel Schmid, vindo me visitar, não sei mais com que propósito, ele e eu descobrimos, ao fim de alguns minutos, que nós não tínhamos verdadeiramente nada a nos dizer. Desta forma, ficamos juntos desde as três horas da tarde até meia noite. Bebemos, fumamos haxixe, jantamos. Eu não creio que tenhamos falado mais do que vinte minutos durante essas dez horas. Este foi o ponto de partida de uma amizade bastante longa. Era, para mim, a primeira vez que uma amizade nascia de uma relação estritamente silenciosa. É possível que um outro elemento desta apreciação do silêncio tenha a ver com a obrigação de falar. Eu passei minha infância em um meio pequeno-burguês da França provincial, e a obrigação de falar, de conversar com os visitantes era, para mim, ao mesmo tempo algo muito estranho e muito entediante. Eu me lembro de perguntar por que as pessoas sentiam a obrigação de falar. O silêncio pode ser uma forma de relação muito mais interessante.

- Há, na cultura dos índios da América do Norte, uma apreciação do silêncio bem maior do que nas sociedades anglofônicas ou, suponho, francofônica.

- Sim. Eu penso que o silêncio é uma das coisas às quais, infelizmente, nossa sociedade renunciou. Não temos uma cultura do silêncio, assim como não temos uma cultura do suicídio. Os japoneses têm. Ensinava-se aos jovens romanos e aos jovens gregos a adotarem diversos modos de silêncio, em função das pessoas com as quais eles se encontrassem. O silêncio, na época, configurava um modo bem particular de relação com os outros. O silêncio é, penso, algo que merece ser cultivado. Sou favorável que se desenvolva esse êthos do silêncio.

Fonte - "Michel Foucault. An Interview with Stephen Riggins", ("Une interview de Michel Foucault par Stephen Riggins) realizada em inglês em Toronto, 22 de jun de 1982. Traduzido a partir de FOUCAULT, Michel. Dits et Écrits. Paris: Gallimard, 1994, Vol. IV, pp. 525-538 por Wanderson Flor do Nascimento.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Um pouquinho de Psicanálise - Projeção

Para Freud, o mecanismo projetivo consiste em procurar no exterior a origem de um desprazer, defendendo o sujeito daqueles sentimentos, desejos, que não suportaria percebê-los como próprios. Para justificar a existência dos eventos por eles produzidos, o indivíduo desloca-os para alguém ou alguma coisa que esteja fora, realizando uma ação projetiva. O indivíduo atribui a outrem as tendências, os desejos, etc., que desconhece em si; conteúdos inconscientes que foram recalcados deslocam-se para o meio externo e são dirigidos a outros (sujeitos e/ou objetos) como estratégia de satisfação. A projeção é uma defesa de origem muito arcaica, encontrada em ação particularmente nos casos de paranóia. Entretanto, para Freud, esta defesa também está presente em modos de pensar das pessoas consideradas “normais”. (Fonte: "Desvendando o Mecanismo da Projeção" - Psicologia em Foco)

Freud escreveu:

“A caracteristica mais notável da formação de sintomas na paranóia é o processo que merece o nome de projeção. Uma percepção interna é suprimida e, ao invés, seu conteúdo, após sofrer certo tipo de deformação, ingressa na consciência sob a forma de percepção externa.”

"A hostilidade, da qual os sobreviventes nada sabem e, além disso, nada desejam saber, é expelida da percepção interna para o mundo externo, sendo assim desligada deles e empurrada a outrem."

“Quando atribuímos as causas de certas sensações ao mundo externo, ao invés de procurá-las (como fazemos no caso dos outros) dentro de nós mesmos, esse procedimento normal também merece ser chamado de projeção.”

terça-feira, 21 de abril de 2009

Sobre escrever

Um pouquinho de Clarice Lispector:

"Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando"...

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador."

domingo, 19 de abril de 2009

Frustrações, decepções e euforias

"Tenho grandes frustrações e decepções.

Tenho grandes euforias.
Amo e odeio apaixonadamente.

Uma vida intensa, difícil, saborosa!
Acho a vida uma grande aventura.

Espero que os idiotas me compreendam."


Samuel Rawet

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Fragmentos Pré-Socráticos

Um pouquinho de Filosofia:

"Lutar contra os desejos (thymos) é difícil. Pois o que ele quer, compra-se a preço de alma (psyché)."

"A natureza das coisas gosta de ficar escondida."


Heráclito de Éfeso

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Ampliando horizontes

Queridos seguidores,

A partir de agora, o Faísca da Pororoca não se limitará mais somente a textos do Michel Melamed, nem a assuntos relacionados a ele. É necessário experimentar novas possibilidades, conhecer mais e ir além.


Michel, seus textos e suas idéias foram a faísca, porém precisamos de novos combustíveis que mantenham acesa essa chama, estimulem nosso pensamento, animem nossa inspiração e promovam nossa consciência crítica.

Além do mais, a partir do momento em que as atitudes do poeta têm sido maior fonte de especulações do que a obra, é inevitável uma mudança de foco, para arejar as mentes e renovar os ânimos. Quando algo, ou alguém, torna-se um obstáculo para nossa capacidade de criar, é chegada a hora de mudanças.


E para inaugurar essa nova fase, um poema do dramaturgo Bertolt Brecht:

"Nós vos pedimos com insistência:
Nunca digam - Isso é natural!
Diante dos acontecimentos de cada dia.
Numa época em que reina a confusão,
Em que corre o sangue,
Em que o arbitrário tem força de lei,
Em que a humanidade se desumaniza...
Não digam nunca: Isso é natural!
A fim de que nada passe por ser imutável"


Tatiana B. e Ana Paula Raposo

sábado, 4 de abril de 2009

E ELE deveria se sentir assim...

Neste exato momento, encontro-me em profunda modorra. Os ponteiros do relógio mostram as primeiras horas de um novo dia. Mas, apesar de toda a exaustão, não consigo descansar. Algo me prende a uma tela quadrada e colorida.

Uma voz me chama e me convida a ler palavras, sentir frases, enxergar sentimentos. Então me deixo levar. Sigo a voz. Vagueio, navego, viajo...

Olho para a tela quadrada e colorida. A voz tem razão. Abro janelas(?). Sim, ainda que virtuais, não deixam de ser janelas (já nelas, ou nelas já, como preferires). Em cada uma delas, encontro letras que, juntas, formam algo além de simples vocábulos.

Começo a ler tais palavras. De repente, outra voz: “Penetra surdamente no reino das palavras, cada uma delas tem mil faces secretas sob a face neutra”. A partir daí, não há como escapar. Sinto-me com-ple-ta-men-te presa àquelas frases.

Então, REFLITO. A reflexão me proporciona interpretação. Interpreto. Carrego em mim o que capto das expressões lidas, a essência de cada oração dita. E essa essência (re)tirada a partir da interpretação é o suco que se extrai de uma fruta que acabou de ser descascada. E é isso que faço com cada palavra que leio: descasco-as. E continuo a decifrar.

Meus pensamentos vão além. Encanto-me. Descubro que muitas das “faces secretas” se mostram aos meus olhos. Percebo que minhas interpretações surtem efeito. Emociono-me. Como é bom viver as palavras.

Mas, à medida que leio, noto que o texto vai tomando ares de término. Então aproveito os últimos ditongos e os últimos hiatos da leitura que vai se esvaindo, esvaindo, esvaindo... Enfim, o que eram palavras, viram ponto final. E o texto toma seu fim.

Na última linha, uma frase-destinatário: “um beijo carinhoso em teus olhos ou somente um beijo afetuoso”. Minha’alma se enche de um luxo radioso de sensações. É o melhor de todos os beijos. Agradeço.

Tiro os olhos da tela. E o cansaço me vence. Vou dormir.
Um beijo a ti também.


Originalmente escrito por Ana Paula em 20/12/08, ainda de madrugada.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Homemúsica em 28/03/2009 - Renata

Mais um depoimento nos foi mandado. Dessa vez, Renata, conta como foi assistir a Homemúsica e conversar com Michel Melamed, após o espetáculo.

"Oi gente, me desculpem pela demora, mas aqui vai meu depô:

A PEÇA: Genial! Com um entrosamento muito legal com a platéia, muito bem interpretado pelo Michel, e com uma prudução muito boa. Os músicos que o acompanham tanbém são muito bons! O texto é bem forte e bem amarrado, tem umas tiradas bem interessantes e engraçadas! Bom, foi incrível ter visto "Homemúsica", e bem, eu que sentei na primeira fila, bem em frente ao palco, fiquei nervosa no começo, pois bem ali estava o Michel Melamed né gente! Sobre as músicas tocadas: Incríveis, muito bem arranjadas e com um som bem limpo, uma bateria carregada de energia, um baixo da pesada, e a guitarra linda né kkk, a propósito, o Michel canta muito bem!!!!!!!!!! As letras contam um pouco da história na peça. Bom, pra quem viu a peça, sabe do que eu estou falando, simplesmente completa!!

SOBRE O MICHEL: Muitíssimo atencioso e carinhoso com todos que estavam esperando por ele, no final, para tirar uma foto, conversar etc. Eu não sei o que me deu na hora, que eu simplesmente travei. Não consegui dizer nada! Até hoje me arrependo disso. Mas mesmo assim foi mágico. Tinha muita gente pra falar com ele, então não ia dar pra ficar conversando mesmo, uma pena! Depois que ele ja havia tirado foto com várias pessoas, ele veio em minha direção. Naquele momento eu só consegui dizer, com o programa na mão pra ele autografar: "Por favor?'' Eu não lembro muito bem como foi, pois estava muito nervosa. Ele pegou o programa, pensou um pouquinho e autografou, depois assinou o da minha irmã. Em seguida, pedi pra tirar uma foto, e ele, muito atencioso tirou, depois foi a vez da minha irmã. Daí depois eu o parabenizei, o cumprimentei dando as mãos, e com um beijinho no rosto. Depois me virei e saí do teatro com o coração na mão. Apesar do pouquíssimo tempo, foi umas das experiências mais incríveis de toda a minha vida! Cheguei em casa, e quando fui dormir, até sonhei com o dia que eu vivia sonhando em ter! Bom, é isso pessoal, foi tão legal que até fiz novas amizades! Amizades melamédicas!! Muito obrigada pelo espaço, e tomara que que venha muito mais Michel Melamed por aí!! Beijos!!!"



Renata, mega obrigada pelo texto, e continue acompanhando o Faísca.

terça-feira, 31 de março de 2009

Homemúsica em 28/03/2009 - Jéssica

E mais uma de nossas seguidoras nos mandou um depoimento. Agora, é a vez da Jéssica contar como foi assistir a Homemúsica.

"Bem gente, minha saga começa muito antes de eu ver de fato Homemúsica. A vontade nasceu desde que eu vi a entrevista do Michel no chat da Uol e ele anunciou que a peça ia estrear. Bem, daí nasceu a vontade e começou a Saga... Empolgadíssima, eu li a sinopse da peça no site do Sesc, localizei mais ou menos onde ficava o Teatro Anchieta do Sesc Consolação e fui chamando minhas amigas para irem comigo! E era um chamar daqui, de lá, muitas perguntaram: Nossa, o ator que fez Capitu! Ahhhhhh, a peça deve ser boa então... Nenhuma delas conhecia o trabalho dele, mas como todas adoram teatro, se propuseram a ir... Enfim, cada fim de semana, desde o dia 06, não dava! Sempre tinha um obstáculo para eu não ir... Enfim, dia 21 eu resolvi ir, sexta-feira eu já tinha me programado e disse para mim mesma: É amanhã! Bom, para o meu desgosto, eu acordei doente, nem conseguia andar direito...Mas uma vez não fui... Quando foi na sexta, dia 27, eu disse, é amanhã e pronto! Eu vou nem que esteja chovendo, nevando, com dor, febre, sozinha, acompanhada! Eu vou! Enfim, sábado acordei cedo, fiz meus afazeres, dei milhares de ligações para ver quem ia comigo, sabe como é né... e no final de tudo, todo mundo deu uma desculpa... Fiquei meio desapontada, mas falei para mim mesma: Eu vou nem que seja sozinha! Lembre-se disso, Jéssica! rs Liguei no Sesc, para ver a disponibilidade de ingressos, a moça tinha me falado que se eu quisesse comprar na hora do espetáculo poderia, porque a venda estava tranquila... Enfim, me empolguei e começou a maior chuva! Chuvarada danada! E eu olhando a chuva desolada ainda dizia para mim: Eu vou nem que esteja nevando! E assim foi, me arrumei toda linda, feliz por finalmente ver Homemúsica e fui! No caminho, a chuva parou e fui andando do Metrô República, até o Sesc, que aliás, foi uma caminhada danada! rs Quando vi o Sesc, fiquei aliviada de ter chegado lá, bem, daí fui comprar o ingresso, tomar uma água, faltava 10 minutos para começar a peça... entrei no teatro e vi lotado, todo mundo conversando e só eu não ter com quem conversar sobre minhas expectativas para a peça... Mas o meu presente veio em cena, com a linda e cativante atuação do Michel! Adorei o monólogo do começo, onde ele narra o texto, com os vários sotaques e formas peculiares de falar de pessoas e personalidades, a forma que os sons se manifestam no corpo do Helicóptero e a Parte que ele começa a falar com uma suavidade e uma intimidade tão grande com a platéia e vem o celular e corta tudo! rsrs Engraçado como ele analisa a reação da platéia, e depois, como se nada tivesse acontecido, volta ao espetáculo!rsrs Enfim, a peça tinha terminado, eu estava completamente excitada, querendo comentar dos detalhes, da estrutura da peça, queria até tirar foto com ele, mas não deu, tive que ir embora, porque ir sozinha para o metrô muito tarde, não ia rolar mesmo! Mas Ameiiiiiiiii tudo! Meu sábado foi mais colorido, comentei da peça com minhas amigas, guardei o ingresso, e fiz uma montagem bem simples, mas com todo carinho, para mostrar o quanto eu amei a peça e amo o trabalho do nosso Gênio simpático e simples, Michel Melamed! Bom galera, é isso! Beijos e abraços a todos!"


Jéssica, obrigadíssima pelo texto, e continue acompanhando o Faísca.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Homemúsica em 28/03/2009 - Gabi

Gabi, outra de nossas seguidoras, também nos mandou um depoimento contando como foi assistir a Homemúsica e conversar com Michel Melamed, após o espetáculo.

"Retórica dos admiradores de poetas, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que senti...

Estava louca para assistir à peça desde sua estréia, mas por problemas de tempo só fui conseguir agora.
Até para comprar os ingressos foi difícil! Como não tinha tempo de comprar, uma amiga se propôs a ir (Valeu, Rê!), mas quem disse que ela achava o Sesc? E fiquei nessa agonia , preocupadíssima que se esgotassem os ingressos. Mas, enfim, conseguimos! Nossos lugares eram na fileira da frente, mas como chegamos um pouco atrasadas (Até isso!), tivemos que nos sentar na fileira do fundo (Eu assistiria até sentada no chão!).
Homemúsica = MA-RA-VI-LHO-SO espetáculo! Impressionante a genialidade do Michel! A interpretação, as músicas, a cenografia, tudo perfeito! Me diverti muito, principalmente com o Show do Estupra!
Ao final da peça ficamos esperando pelo poeta. Passaram os dois músicos , baterista e baixista (Desculpe-me por não saber seus nomes!), dei parabéns para eles. Uns vinte minutos depois, chega o Michel. Eu congelei. Sorriu para todos, pôs a mochila em cima do balcão (Detalhe: Se não me engano sua escova de dentes estava quase caindo da bolsa!). Atendeu a duas meninas e logo depois à moça do depoimento abaixo, não é Myka? Realmente, quando ele começou a falar fez-se silêncio e ele soltou esse comentário. Todos rimos. Aí chegou a minha vez. Eu tremendo muito! Entreguei meu caderno a ele e pedi que autografasse, já que não conseguia achar Regurgitofagia. Ele respondeu que havia esgotado e mais alguma coisa que não lembro [Quando ele me dirigiu a palavra, congelei mais, por isso não me lembro bem o que ele disse!], mas acho que sobre outro livro e perguntei sobre uma nova edição de Regurgitofagia e ele disse que estava conversando com a editora e esperava que saísse sim. Entregou meu caderno: “Aqui está, senhorita.” Por fim dei parabéns pelo trabalho dele e disse que gostava muito. Ele falou muito obrigado e que eu era muito gentil. Tiramos as fotinhas [Ele todo paciente comigo e minha amiga, já que demoramos a conseguir segurar o celular sem tremer], agradecemos a ele e saímos.
Como queria ter dito mais coisas! Sobre como ter conhecido o trabalho dele me encantou, me abriu um mundo, sobre o que ele estaria planejando para o futuro, etc. “(...)chamei algumas palavras cá de dentro, e elas acudiram de pronto, mas de atropelo, e encheram-me a boca sem poder sair nenhuma.” *-*
Esse foi um resumão de um momento único pra mim. Só estando ao lado daquele ser inteligentíssimo, atencioso, simpático, ouvir seus comentários, entre outros, pra saber como é...
Espero vê-lo novamente. Michel, obrigada pelo “toda sorte e coragem” que você me escreveu."

Gabi, muitíssimo obrigada pelo texto, e continue acompanhando o Faísca.

Homemúsica em 28/03/2009 - Myka

Myka, uma de nossas seguidoras, mandou um depoimento para nos contar como foi assistir a Homemúsica e conversar com Michel Melamed, após o espetáculo.

A sensação de assistir a Homemúsica...

"De fato, um dos espetáculos mais intensos que tive o prazer de ver. Aliás, prazer é a palavra ideal pra expressar tudo o que vi e vivi ali. Depois do espetáculo, estava a espera de minha carona, quando o Sr. Melamed passou...Levantei-me, caminhei em sua direção como uma criança em direção ao parque. "Autografa meu programa? Ele sorriu..."Claro!". Enquanto eu soletrava meu nome, a quase multidão ao redor se calou; Ele suspirou: "Mykaellen, você fez o silêncio...Tenho que pensar e me inspirar pra escrever algo aqui pra você" Eu sorri! "Sabe, passei no teste de Dom Casmurro para o teatro com um texto seu..." Ele suspendeu a caneta por alguns segundos, com o rosto pasmo..."Mesmo? Que maravilha![...] Nossa, adorei sua camiseta". Meus Olhos brilharam..."Eu mesma fiz, é inspirada no teu Dom Casmurro; ia fazer uma pra você, mas não tive tempo". Na despedida: "Michel, isso aqui é pra você!" Lhe entrego um papel rabiscado de números e uma frase...és a outra metade do meu intelecto pessoalmente perdido. Ele sorri dizendo "Cara, tua camisa é demais! "No programa, a letra máscula gritava "Mykaellen, doçura e força = Michel""

Myka - 30/03/2009

Myka, super obrigada pelo texto, e continue acompanhando o Faísca.

sexta-feira, 27 de março de 2009

TELERJ

O mar não está para peixe

Nem para conchas

Nem para areia

Nem para gente

Nem para mar

O mar não está

Por favor, após o sinal eletrônico

Deixe seu recado

(Michel Melamed)

domingo, 22 de março de 2009

Mar em transe

O mar?
Segue trancafiado

A cada onda um arrastar de correntes

Não há um só caminho, uma só bandeira
-mas um excesso de mastros
e hastes
e postes
e agulhas
e fósforos
e dedos em riste;
e vigas
e prédios
Tudo almeja o céu, espantalho

O mar?
Não.
Almeja mastros
e hastes
e postes
e agulhas
e fósforos
e dedos em riste;
e vigas
e prédios

O mar segue trancafiado e bem
Muito bem trancafiado


(Michel Melamed)

Regurgitofagia, página 121


BY: Jó Capistrano

quarta-feira, 18 de março de 2009

Fragmento de Homemúsica

“Podia ser em qualquer direção que o sentido seria um só. Os paus-de-arara, ônibus, carroças e caminhões, todos atravessam o país sem fazer cócegas, carinho ou cicatriz. O mapa parece intocado apesar do trajeto incessante. Como um carrinho de mão por sobre a terra este rastro deveria ficar marcado, este percurso merecia se fundir ao chão, afundá-lo. Essas estradas que ligam o norte e o sul do país, pelas histórias que carregam, deveriam estar abaixo do nível do mar. Mas não é assim que banda nenhuma toca. E é por isso que tem cidade grande e cidade pequena. Tem a cidade que manda e a que corre atrás da bolinha, traz os chinelos. É cidade catando migalha, cidade de quatro pra cidade, chupando o pau de cidade, tomando cascudo e vomitando sobre a outra que agradece dada a penúria. E maioria em volta em silêncio. De vez em quando o som das rodovias rompe esse silêncio, mas não muda nada não. Porque as cidades estão só brincando, são como crianças. Crianças perversas maltratando-se umas às outras. Daí tem a cidade maiorzona, desengonçada e má, que bate em todo país, mas que mais dia menos dia vai levar porrada de todas juntas ou de uma pequena, que então vai virar herói e namorar a cidade mais bonita daquela região...”

terça-feira, 17 de março de 2009

Matéria sobre “Homemúsica”

Publicada em 12 de março de 2009, no jornal “O Estado de São Paulo – Caderno 2”

A música como instrumento real de contestação

Com Homemúsica, Michel Melamed encerra sua trilogia sobre o Brasil
Ubiratan Brasil

A inquietação do ator, cantor, compositor e autor Michel Melamed chega à sua terceira parte: no espetáculo Homemúsica, em cartaz no Sesc Anchieta, ele encerra sua Trilogia Brasileira com idêntico grau de insatisfação misturada com bom humor. Se o primeiro, Regurgitofagia (de 2004), incentivava deglutir o que vem do exterior imposto como cultura e vomitar um conceito novo, mais adaptado à condição nacional, e o segundo, Dinheiro Grátis (2006), promovia um leilão em que não apenas bens materiais eram disputados, como também valores normalmente difíceis de avaliar como amor e lealdade, Homemúsica fecha o ciclo pregando a força da palavra, especialmente aquela dita por meio de uma canção. O espetáculo acompanha a trajetória de Helicóptero, jovem em que cada parte do corpo emite o som de um instrumento musical. Decidido a ganhar a vida como artista, ele segue para uma grande cidade a fim de participar do programa de maior audiência da TV brasileira: o Show do Estupra. As coisas, porém, não acontecem como previstas e, em vez do reconhecimento, Helicóptero encontra o amor e, então, o desamor. "E há melhor tema para uma canção?", questiona Melamed. Basta ter uma ligeira intimidade com seu trabalho para concluir que Melamed é visceral no que apresenta - a invisível quarta parede que separa público do palco normalmente é quebrada por formas vibrantes de comunicação. Em Regurgitofagia, o ator tinha o corpo atado a vários cabos que, a qualquer emissão de som no teatro, emitiam choques elétricos. Já Homemúsica rompe outra fronteira, a que separa a encenação de uma peça de um show musical. Acompanhado por um power trio (guitarra, baixo e bateria), Melamed assume a guitarra e os vocais para apresentar canções de sua autoria, parcerias, além de versões de Manu Chao e New Order. E, para reforçar a condição de homem-orquestra do personagem Helicóptero, o ator se abastece ainda de uma infinidade de instrumentos musicais, imagens e engenhocas sonoras, como um equipamento eletrônico que o envolve e emite sons de percussão conforme batuca no próprio corpo. Ao fundo, um enorme telão projeta palavras e imagens, que dialogam com o discurso de Melamed e suas apresentações musicais. Aí está sua mais precisa e envolvente arma - por meio de um discurso eloquente e quase sempre engajado, ele não apenas promove um casamento entre linguagens diversas (teatro, literatura, poesia, tecnologia, artes plásticas, música e o que a inspiração do dia produzir) como coloca a plateia em contato direto com o espetáculo, em uma interação voluntária e nada constrangedora. Como a música é componente essencial da cultura do brasileiro, Melamed sabe que a adesão é fácil e quase imediata. Cultor da palavra, ele se dedicou integralmente à minissérie Capitu, exibida pela Globo no ano passado, inspirada em Dom Casmurro. Como Bentinho na fase adulta, ele passeou com versatilidade entre as envolventes palavras de Machado de Assis pelo simples fato de ser um leitor voraz desde a adolescência - assim, as frases despontam aos borbotões de sua mente, todas proferidas como se fossem definitivas. A entrega total à minissérie (durante oito meses, chegou a trabalhar durante 16 horas por dia, com apenas uma folga na semana) atrasou a estreia de Homemúsica em São Paulo - inicialmente, estava prevista para o início do ano passado. Retardou também o lançamento de um CD e de um livro, ambos baseados no espetáculo. Mas Michel Melamed não se dá por vencido. Encerrado esse ciclo, ele já se prepara para a nova fase, ainda não definida em sua mente. Se já não escreve mais compulsivamente como antes, quando não passava um dia sem rascunhar algo em um guardanapo, Melamed mantém intacta a inquietação de quem observa os problemas do mundo com o olhar de artista - e, como tal, tem a melhor solução para tudo.

Serviço

Homemúsica. Teatro Anchieta Sesc Consolação. Rua Dr. Vila Nova, 245, tel. 3234-3000. 6.ª e sábados, 21 h; domingos, 19 h. R$ 20. Até 29/3.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Regurgitofagia

Texto extraído do livro Regurgitofagia, página 109.

"Que com um simples beijo pode-se aprender um idioma não há dúvida. Você beija uma chinesa, aprende chinês; chupão no alemão: alemão; um estalinho na francesa, oui.
A questão é quando forem comprovadas as propriedades medicinais do beijo, e, consequentemente, da língua, o constrangimento da família dessa menininha, na fila de espera por uma lambida compatível com seu pequenino coração."

terça-feira, 10 de março de 2009

E as comemorações não param...

Edição de fotos do Michel, retiradas do bate-papo UOL:






Parabéns pelo aniversário, doce e genial poeta.

Feliz Vida, Feliz Você!

Era o décimo dia do terceiro mês do ano de 1976. Não sei se tarde, noite, manhã. Não importa. Era Aquele dia. Era Verão. Cidade Maravilhosa. Época dos Peixes, época do Mar. Peixe, Mar. Mar, Mulher. E, naquele dia, aquele Mar estava para Peixes, estava para Mar.
Ouviu-se um choro. Alto, melódico, poético. O Mar paria. Expulsava de si uma... Po-e-si-a. Fruto de Peixes, fruto de Iemanjá. Fruto... do Mar.
O Mundo parou alguns instantes. Valsou no choro marcante. Abriu-se, acolheu, disse: Bem-vindo à vida!
Era a vida. Uma VIDA. Que nascia, que ardia, que VIVIA.
O Mar a designou Michel. Michel... Mel... Céu. Doce Anjo.
E assim, ficou. Nasceu, viveu, Amadureceu.
Hoje, Michel é Maestro da própria vida. Da ópera da Vida. Michel pensa letras, reflete palavras, fala versos, sente frases. Anda estrofes, corre Sonetos. Escreve magia, pinta sabedoria. Vive a Poesia. É a Poesia. A Poesia nossa de cada dia.
E, nessa personificação poética, Michel seguirá... Enquanto habitar o mundo dos que respiram, dos que suspiram, dos que vibram, dos que deliram, dos que PALPITAM.
E, voltando ao dez de março, hoje é o trigésimo terceiro desde aquele primeiro grito de vida. O mesmo dia. Outro verão. A mesma emoção. Ou mais. Hoje, é dia de comemoração. Celebração. Pela Poesia, pela Magia. Uma canção, uma narração.
Vamos brindar. Então, alegria! Levante, cante, sorria!
A vida não para. O tempo não para.
Portanto, tenho muito, MUITO a desejar.

Maestro, neste ‘dez de março de 2009’, almejo que ‘D’us’, Moisés e Iemanjá te abençoem por inteiro. Primeiramente, desejo que ‘D’us’ ilumine tua mente e permita que dela sempre possam frutificar pensamentos benévolos, idéias enfeitiçantes. Depois, que Moisés toque em teus olhos e te faças enxergar além da linha que faz o Céu se juntar ao Mar. Que ele ainda possa abençoar tua boca, para que os mais sinceros sorrisos sejam minuciosamente desenhados e para que palavras emocionantes sejam devidamente pronunciadas.
Em seguida, que Iemanjá, a Rainha do Mar, beije teu coração e te permitas AMAR e SER AMADO (Que o amor não seja incondicional; que o amor não seja porco e nem te arrote na cara. Mas que seja um amor intenso, verdadeiro, duradouro).
Depois, volto a ‘D’us’ e desejo que ele segure tuas mãos e faça com que elas sejam capazes de segurar um lápis, uma caneta, uma pena e manuscrever, deliciosa e harmonicamente, vogais e consoantes intensas.
E, então, que Moisés te dê forças para caminhar, sem desanimar, por tua estrada literária da vida.
Enfim, desejo que essa “Trilogia” esteja eternamente contigo.

Agora eu paro. E parto. A ti, além de todos os almejos...
Um beijo de vontade. Um beijo de desejo. Um beijo de verdade, outro beijo no teu queixo.
Um beijo de mel. Um beijo cruel. Um beijo molhado. Um abraço apertado. Um suspiro dobrado. Um beijo do Céu.
Um beijo de feitiço. Um beijo alagadiço. Um beijo-sumiço. Um beijo... Hálito Mestiço.
Um beijo carinhoso em teus olhos, ou somente um beijo afetuoso,

Ana Paula Raposo

Feliz aniversário Michel Melamed

Hoje como nós sabemos é um dia muito especial, é o dia mundial do Michel Melamed, nosso poeta. pisciano-judeu, nosso maetro completa mais um ano de vida...não poderiamos deixar de homenagear esse moço que com seus textos, atuação, efim, com seu trabalho enche nossas vidas de sensações e é um bálsamo para nossas almas....

PARABÉNS MICHEL

Hoje estamos aqui para te desejar um dia feliz,
pois hoje realmente é um grande dia,
afinal de contas mais 365 dias se passaram na tua vida
e com eles vieram novos sonhos,
novas conquistas e também novos projetos de vida.

Fazem alguns anos que Deus te enviou a terra
para iluminar a todos com a tua presença,
e neste dia mais que especial que evidencia a tua chegada ao mundo,
palavras não bastam para te homenagear,
você é uma obra preciosa que Deus criou
e revestiu com muitas e boas qualidades,
uma grande pessoa que admiramos e queremos muito bem.

É muito bom saber que você existe
e que de alguma forma, estápresente em nossas vidas.

Que você caminhe sempre em busca do sucesso,
alcançando um futuro amplo,
se aperfeiçoando e prosperando ainda mais.

Te desejamos simplesmente um

FELIZ ANIVERSÁRIO.

beijos afetuosos e estalados de todos que fazem parte do BLOG MELAMÍDICOS.


BY:JÓ CAPISTRANO

Um vazio...

Alguém tem prazer em fazer florescer o desejo de ver.
Um outro alguém. Tocando, cantando, falando.
O vôo estava confirmado.
A roupa que usaria para ir ao Espetáculo, devidamente dobrada, arrumada.
Guardada na mala.
A mala, pronta. Fechada.
Carteira de identidade, Carteira de estudante... de mãos dadas.
A ansiedade.
Um sonho.
Não realizado. Quebrado. Furado. Parado.
Culpa de quem?
Culpa de que?
Deus escreve certo por linhas tortas?
Vai saber.

*E bem, e o Resto?
O resto é saber,
se um dia há de ter,
em que poderei ver
um Ser
que me dá prazer.

*Vamos à História dos... esquece.
Melhor é ir mesmo ao Aniversário dele.

Um beijo sem forças,
Aninha

segunda-feira, 9 de março de 2009

Homemúsica em 08/03/2009

Uma postagem rápida só para disponibilizar as fotos que tirei do Michel hoje, ao fim do espetáculo.



Ele é muito simpático, muito bacana, multitalentoso e merece fazer cada vez mais sucesso. A peça é otima, vale a pena.

Um abraço a todas, em especial para Ana Paula Raposo, que é uma das pessoas mais bacanas que já conheci.

Tatiana B.

domingo, 8 de março de 2009

Feliz Dia da MULHER

Amigas queridas hoje é o nosso dia e eu não poderia ter recebido um presente mais belo que esse que a Hiandra me deu...na verdade comecei a ser presenteada na quinta-feira com o bate papo da UOL (ainda estou maravilhada) e hoje ao ler o e-mail que Hiandra me mandou meu deus sem palavras então resolvi compartilhar com vocês pra que possam sentir a imensa felicidade e também pra conhecer um pouco mais do nosso poeta do quão ele é atencioso com os fãs e que ele não tem nada de estrelismos.

O E-MAIL:

Jóoooooo... Eu fui..... Meu, o cara é muuuuuuuto louco, a peça é loucuuuura pura, muito massa!!!! Estou te mandando as fotos que consegui tirar com celular, ele demorou um pouco pra aparecer após a peça, tava tomando banho, apareceu com o cabelo molhado, tinha umas 20 pessoas eperando para falar com ele, dá os parabéns, a atriz global Leandra Leal e mais duas atrizes que não lembro o nome estavam esperando também, ele falou direto com elas e agradeçeu a presença da Leandra, durante tudo isso ele tava com meu livro (Regurgitofagia) na mão que eu dei pra ele autografar, ele inclusive ficou bem surpreso de eu ter o livro e perguntou onde eu havia comprado porque nem ele tem mais o livro, daí eu falei que foi num sebo, ele adorou, daí em seguida eu dei minha caneta pra ele autografar e ele ficou com o livro e a caneta na mão ali de pé e dando atenção pra alguns, eu pedi pra a Leandra Leal tirar uma foto minha com ele e ela muito gentilmente tirou e deu bronca nele pra ele parar de falar um pouco e posar pra foto comigo e meu marido, ele é um amor atenciosíssimo, escuta o que vc fala sabe, chega perto pra falar, num tem nada de estrela, é gente fina mesmo, só que ele fala compulsivamente, daí eu falei do Blog e ele imediatamente disse me olhando nos olhos, que conhece o Blog, falei que quem mantem o Blog é a Jó e a Aninha e que vcs escrevem coisas belíssimas e discutem sobre alguns textos dele, enfim, que acompanha a carreira dele, ele adorou.Falei que nós participamos da entrevista na TV Uol e que ele respondeu algumas perguntas nossas e aproveitei pra dizer que ele não respondeu a pergunta q eu havia feito, sobre o projeto em que ele está trabalhando, ele só pode me garantir que é pra TV, daí eu pergutei se era p/ TV aberta ele disse que sim.Para finalizar disse que gosto muito do trabalho dele, perguntei se ele pretende voltar em SP com Regurgitofagia e Dinheiro Grátis ele disse que acha que não , que quer encerrar a trilogia com essa temporada em SP de Homemusica. Ele está muuuuuito cansado, disse que trabalha sem parar já a algum tempo, (ele disse que ainda está em dezembro de 2007), que de lá pra cá ele só trabalha, tá magro e cansado, com olheiras, tipo o dom casmurro mesmo sabe....rsPoxa achei legal ele dá toda esa atenção pra gente, ficar ali de pé na porta do sesc convesando e fumando, porque tinha gente lá que é conhecido dele, que vinha dava um abraço nele apertava a mão falava com certa intimidade mas ele ficou ali falando com a gente sem pressa de encerrar o assunto, foi legal, eu me surpreendi, achei que o Moço era mais estrela e não é nada.Pra encerrar dei os parabéns pelo niver dele um ABRAÇO ele é muito caloroso o cara é uma figura.ah! o autógrafo é um capítulo a parte, ele decompôs meu nome e do meu marido Marcos e escreveu uma frase para cada um que tem haver com as sílabas do nome da gente, bem legal, tirei foto do autógrafo tb...boba né...só pra vc ver como é, . Bom Jó deixa eu ir dormir, mnina já são 3h da madruga. Um bjão bem grandão pra vcs. Se lembrar de mais detalhes te escrevo! bye

Hiandra imensamente grata por ter ficado até as 3hs da madrugada editando as fotos e pelo e-mail se bem que eu acho q não conseguiria nem dormir depois de assistir a uma peça do Michel Melamed, tirar fotos e ter tido uma conversa tão agradável como a que tiveste!! Pode ta parecendo meio tiete esse post mas acho que todos os seguidores do BLog e do Michel tinham o direito de saber como é o moço. Agora voltando ao dia internacional da mulher uma mensagem para nós:

Ser mulher

Mulher Semente... SER-mente... SER que faz gente, SER que faz a gente. Mulher, SER guerreiro, guerrilheiro, lutador. Multimidia, multitarefa, multifaceta, multi-acaso... multi-coração. Mulher, SER que dá conta, que vai além da conta. Que multiplica, divide, soma e subtrai, sem perder a conta, sem se dar conta de que esse século foi seu parto, na direção de seu espaço, de seu lugar de direito e de fato, de seu mundo que lhe foi usurpado e que agora é por ela ocupado. MULHER... Esse SER florado, esse SER adorado, esse SER adornado, que nos poem em um tornado, nos deixa saciado e transtornado, que nos faz explodir e sentir extasiado. SER admirado... MULHER. Nesse final de milênio, faça a transição. Tire de seu coração a semente que vai mudar toda a gente, levando o mundo a ser mais gente... Um mundo mais feminino, mais rosado e sensibilizado, mais equilibrado e perfumado. PARABÉNS, MULHER!!! Não pelo oito de marco, nem pelo beijo e pelo abraço, nem pelo cheiro e pelo amasso. Mas por ser o que és: Humus da humanidade, Raiz da sensibilidade, Tronco da multiplicidade, Folhas da serenidade, Flores da fertilidade, Frutos da eternidade... Essência da natureza humana. Parabéns.


Um beijo a todas em especial a ti Hiandra por este presente espetacular...:D

BY: Jó Capistrano

sexta-feira, 6 de março de 2009

Chat UOL com Michel Melamed, dia 05/03/09

Querida(o)s, amo postar no nosso blog. Mas admito que esta pstagem, em especial, é, sem dúvidas, a melhor de todas (até então). Como sabemos, ontem, quinta feira dia 5/03/09, houve uma entrevista com nosso Maestro, nosso Pós-Poeta, Michel Melamed.255 pessoas acessaram o bate-papo. Algumas de nós tivemos nossas perguntas selecionadas e respondidas pelo mesmo. Lamento demais pela minha amiga-irmã Ana Paula Raposo não ter podido, infelizmente, participar de fato. Mas três de suas perguntas foram selecionadas e, claro, seu nome estava presente. Parabéns a Lucilia que deixou o moço inquieto com seu poema-pergunta, a Hiandra que também conseguiu ser selecionada e gentilmente editou para que fosse possivel esta postagem, a mim que apesar de ter mandando algumas só uma foi selecionada (mas sem problemas), e a Joana que teve a idéia de entrar como BLOG DOS MELAMÍDICOS e com a graça de DEUS e da moderadora srsrsrsrs teve nossa eterna dúvida descoberta. SIM, ele ja viu esse BLOG. A carinha dele falando que recebia nossos e-mails...nossa ainda estou trêmula...e muito, mas muitoooooooooo FELIZ..

Segue as perguntas das seguidoras, amigas, parceiras deste blog:

(03:13:27) Jó e Ana pAula: Maestrto temos a curiosidade de saber: quais são as expectativas para esta nova temporada de Espetáculo? Achas que haverá alguma mudança de/no público? Como é voltar a apresentar a peça depois de mais um ano e após um trabalho numa emissora de nome?

(03:21:17) Michel Melamed: Jó e Ana pAula, as expectativas são da vida, que seja maravilhoso, que seja encantador, que eu me sinta feliz e que as pessoas quando verem o espetáculo possam receber algo daquilo. Quanto a mudança de público tem que esperara estréia do espetáculo. Mas não acredito que seja este o ponto, quer dizer, eu já vinha de um trabalho de teatro, tem pessoas que já me conhecem. São Paulo especificamente é uma cidade muito generosa e rica no tocante ao teatro, tem uma cena muito forte, as pessoas acompanham esta cena. Espero que tudo contribua para este encontro com o público na apresentação do trabalho. Sobre voltar ao teatro, várias frases muito lindas falam disso, mas não existe volta, tudo é outro. Estamos voltando o tempo todo. Tudo é outro. Uma das delícias e dos abismos do teatro é estar todos os dias disponível para reconstruir aquela história, para vivê-la novamente e ela é outra.

(03:14:43) hiandra: Michel você teve proposta para levar/apresentar o Re[corte] Cultural ou um programa de entrevistas nos mesmos moldes para outra emissora de TV?

(03:27:36) Michel Melamed: hiandra, não, do Recorte não. Tenho propostas de vários tipos em vários momentos, mas agora especificamente não.

(03:18:23) Jó e Ana pAula: Como se dá a interação/interligação entre o público e o ator? Entre a plateia e o personagem?

(03:29:31) Michel Melamed: Jó e Ana pAula, eu acho que em algumas das instâncias as artes cênicas pressupõem este encontro, quer dizer, é um fenômeno coletivo, é um ritual. Então é fundamental. Tanto que o mesmo espetáculo pode ter uma noite de magia pura e no outro dia na mesma cidade ser frio e não acontecer. Então o que faz com que ele aconteça. Acredito que seja este desejo dos que estão no palco e dos que estão na platéia. Especificamente em meu trabalho, nesta trilogia de espetáculos este era um dos pontos da pesquisa. Isto dependerá de quem está no palco e de quem está na platéia. Agora no "Homemúsica" é pura simplesmente a música, a mais perfeita tradução desta relação do palco e platéia.

(03:18:30) hiandra: Michel eu como sua fã e acredito que muitos de seus leitores e admiradores adoraríam vê-lo mais vezes em produções para televisão como a Microssérie Capitu, há algum projeto em andamento nesse sentido?

(03:32:12) Michel Melamed: hiandra, tenho um projeto, mas não posso contar agora, estou no meio de um trabalho, trabalhando na parte criativa, desenvolvendo o formato. Ainda estou conversando, não tem sentido falar porque ainda não é real. Sobre o CD e livro da peça, tem o livro no qual o espetáculo é baseado, mas ainda não terminei. Preciso de um momento idílico só para o livro. E o CD está na metade do caminho.

(03:30:24) Jó e Ana pAula: E a relação entre Michel Melamed e Helicóptero? Há conexão entre eles?

(03:34:26) Michel Melamed: Jó e Ana pAula, são várias. É o mesmo de todos nós que venha a ser o nosso confronto diário com os nossos desejos, de fazer cumprir, se expandir as nossas potências e nossos talentos, como conseguir vivenciar os nossos talentos. Não tem só a ver com arte, tudo pode ser feito com criatividade. A criatividade é uma coisa renovada de olhar alguma coisa, de conseguir fazer revelar novos aspectos. Então o personagem Helicóptero é isso, ele tem um dom e a cada movimento de seu corpo gera o som de um instrumento musical. E ele quer viver isso, mostrar e compartilhar.

(03:20:54) Lucília: com sua espada e seu abebé a faísca Melamed está revolvendo o fundo do mar do marasmo cultural tupiniquim....o teu "Helicóptero" evidencia o lugar cada vez mais precário da juventude, mentalmente manipulada pela produção de subjetividade coletiva da mídia ... correndo nessa faixa, o que tu acha de dar à luz a um personagem, pregador da vida vivida, como o Zaratustra????

(03:35:55) Michel Melamed: Lucília, nossa, isso é um poema. Não sei, estamos aí fazendo as coisas. Estou um pouco fora disso... tem muitas coisas para se opor, mas não acho que haja hoje um magma único em que se fala que as pessoas estão alienadas. Vejo muita gente interessada. É o desafio de transgredir este senso comum, de conseguir encontrar o seu espaço criativo. Não sei se tem marasmo, não acho que haja isso, maramos é para quem não vai atrás. Eu quero participar mesmo do debate e das coisas. E não acho que haja uma alienação coletivo. Nós que somos pró-pensamento temos que nos unir para lutar contra a barbarie seja onde for. Estamos apaixonados na luta pelo belo. Não é uma prerrogativa minha, em relação a arte, todo o artista que faça um trabalho em que uma pessoa consiga ver mais que um copo de café em um copo de café, então viver a vida é todos nós. Em qualquer lugar e situação é possível fazer vir a vida.


(03:38:00) Blog Melamídicos: Michel , um grupo de admiradores do seu trabalho criou um blog para prestigiar o seu trabalho . Tal Blog une pessoas de várias partes do Brasil . Como vc vê esse tipo de manifestação ???

(03:44:20) Michel Melamed: Blog Melamídicos, acho isto o máximo, que bom que as pessoas gostam do meu trabalho. Amo o que eu faço. Eu já vi este blog. O meu blog é mais ativo pelas pessoas que escrevem lá. Eu recebo os e-mails, recebo muitos por dia, até determinado momento eu respondia, mas chega um ponto em que eu passava de três a quatro horas por dia respondendo e-mails. Mas não é este o meu trabalho, quero me dedicar a escrever poemas e fazer outras coisas, então tenho me relacionado com isto com parcimônia.


(03:56:10) Jó e Ana pAula: michel e sobre o seu blog houve meio que uma estagnação dos seus textos...pretende voltar a postar lá?

(04:08:24) Michel Melamed: Jó e Ana pAula, sempre foi estagnado. Porque o tempo que uso para fazer um texto para o blog é o mesmo tempo que uso para estar escrevendo um espetáculo ou formatando um novo programa de TV e compor uma música. Quando me dá vontade eu vou lá e posto, mas não me sinto com este compromisso, me desculpe.

(04:13:15) Michel Melamed: O espetáculo "Homemúsica" é feito com estas coisas que falamos o tempo todo. Este é um espaço para podermos apresentar este nosso trabalho. Obrigado, gente.

(04:13:31) Debora/UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Michel Melamed e de todos os internautas. Até o próximo!

Então foi isso meninas...até o próximo estaremos lá com certreza... Pra quem quiser assistir ao video aqui está o link: http://tc.batepapo.uol.com.br/convidados/arquivo/teatro/ult1759u422.jhtm Obrigada por compartilharem conosco estes momentos e este espaço. Milhares de beijos..


BY: Jó Capistrano

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Michel na TV Uol


A maioria dos Melamídicos de plantão que acompanham o blog , as atualizações e o chat do blog já estão bem informados mais vale a pena deixar registrado aqui
Depois da noticia do Homemúsica em São Paulo essa também é uma das mais importantes .
Entrevista com o Michel Melamed na Tv Uol ao vivo estará falando sobre o espetáculo Homemúsica continuidade do projeto Trilogia que estará em cartaz o mês de março no Sesc Consolação em São Paulo
Interessante informar também que os ingressos para o Homemúsica já estão a venda e você pode adquirir o Ingresso no Sesc mais próximo de você
O valor do ingresso é R$ 20,00 reais pagando inteira!

Bom encerro aqui o meu informativo Melamídico !

Nos encontramos no Chat Uol !

Quinta-feira 05/03/2009 às 15:00


Por Tatiana de Souza

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Um Soneto...

Queridos leitores, no capítulo 55 de Dom Casmurro de Machado de Assis, Bentinho apresenta o primeiro e o último verso de um suposto Soneto:

Primeiro: “Oh, flor do céu! Oh, flor cândida e pura!”

Último: “Perde-se a vida, ganha-se a batalha!”

Entretanto, por mais que se esforce, não consegue encontrar Decassílabos ou Brancos para formar a sustentação de tal Poema. E, acaba por desistir de levar o Soneto adiante.

Segue o trecho do livro:

“Pois, senhores, nada me consola daquele soneto que não fiz. Mas, como eu creio que os sonetos existem feitos, como as odes e os dramas, e as demais obras de arte, por uma razão de ordem metafísica, dou esses dois versos ao primeiro desocupado que os quiser. Ao domingo, ou se estiver chovendo, ou na roça, em qualquer ocasião de lazer, pode tentar ver se o soneto sai. Tudo é dar-lhe uma idéia e encher o centro que falta”.

Pois tal é o jogo que lhes proponho. Complete o Soneto com versos centrais que faltam.
De minha parte, desconheço métricas e rimas, mas vou me arriscar.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

CONFIRMADA TEMPORADA DE HOMEMÚSICA EM SÃO PAULO

Homemúsica em São Paulo (2009): A terceira e última parte da Trilogia Brasileira de Michel Melamed, o espetáculo Homemúsica estará em temporada da cidade de São Paulo de 6 a 29 de março (sextas, sábados e domingos) no Sesc Consolação.

Não percam.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Ourives de Palavras

Não é novidade. Os textos de Michel Melamed me perturbam. Causam em mim uma profunda excitação e uma disfunção descomunal. As palavras penetram de uma forma misteriosa e se fincam na parte mais intrínseca de meu ser. Não saem.
Fico atônita todas as vezes que, não somente leio, mas vejo e ouço o Pós-Poeta.
E, nesses últimos dias, dois dos escritos dele não pararam de se revirar dentro de meu espírito. A ‘Fábrica de Porcos’ e o trecho do Curta ‘Brasília 18%’, a toda hora, estalaram em mim. Algumas palavras se repetiram com mais freqüência, outras alfinetaram meu pensamento. Deixaram-me, como sempre, inquieta.
A porquidão se conectou à “selva brasileira, minha gente” e enxerguei a bandidagem política na Fábrica de Fazer Porcarias.
A realidade da política brasileira me indigna e não me faz pensar em outro aspecto senão como sendo, ela mesma, uma Produtora de Imundícies.
Assim, nessa visão espurca da politicagem e oscilando entre o lado bom e o ruim de nosso País, resolvi pesquisar outros escritos e/ou falados de Michel sobre assuntos parecidos.
Encontrei dois trechos de duas entrevistas que ele deu a dois Jornais.

Compartilho, então, com vocês esses trechos e peço para que expunham seus pensamentos sobre tal.

“Estamos doentes. Vemos, diariamente, nas primeiras páginas de jornais atitudes inaceitáveis. Andamos pela rua e não há indícios de civilidade. E todos saem impunes. Mas tenho a sensação de que o Brasil, em vez de ser tratado como um doente grave, é encarado como um país MORTO. Como um cadáver insepulto. Existe uma sensação generalizada de que nada pode ser feito. Quero acender uma faísca, uma carta de amor ao Brasil POSSÍVEL.”
Michel Melamed para o Jornal do Brasil em 3 de setembro de 2007

“Estou dividido entre o Brasil que amo e o Brasil que não suporto. O Brasil das milhões de maravilhas, da música rica que gera interesse, do orgulho compartilhado com todas as artes, de todos os clichês. Do país da mulher bonita, do clima fantástico, das riquezas naturais, do astral do povo. O Brasil das máfias em TODOS os segmentos, da violência diária na qual todo mundo é uma merda. Qualquer um chuta qualquer um e nada acontece.”
Michel Melamed para o Correio Braziliense em 2 de agosto de 2007

Um beijo mélico,
Aninha

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Brasília 18%

Eu sou artista. Posso ter defeitos, vícios, mas eu não sou ladrão, não sou assassino. Diferentemente desses que estão sendo acusados aqui, com base nos documentos que a Eugênia me entregou e a polícia tomou. Então é isso: nome aos bois, aos tubarões, à crocodilagem. É a selva brasileira, minha gente! Porque esses deputados, esses senadores, essa quadrilha é assim. É dinheiro para o ceguinho e quem é que não quer ver? É dinheiro para órfão, e quem é que foi abandonado? Aqui, tudo, rigorosamente Tudo, se resume a dinheiro. Minha terra tem dinheiro onde canta o dinheiro... Vou-me embora pra dinheiro, lá sou amigo do dinheiro. Mundo, vasto dinheiro. Eu sou artista brasileiro. Eu não sou assassino.

(Michel Melamed)