sábado, 4 de abril de 2009

E ELE deveria se sentir assim...

Neste exato momento, encontro-me em profunda modorra. Os ponteiros do relógio mostram as primeiras horas de um novo dia. Mas, apesar de toda a exaustão, não consigo descansar. Algo me prende a uma tela quadrada e colorida.

Uma voz me chama e me convida a ler palavras, sentir frases, enxergar sentimentos. Então me deixo levar. Sigo a voz. Vagueio, navego, viajo...

Olho para a tela quadrada e colorida. A voz tem razão. Abro janelas(?). Sim, ainda que virtuais, não deixam de ser janelas (já nelas, ou nelas já, como preferires). Em cada uma delas, encontro letras que, juntas, formam algo além de simples vocábulos.

Começo a ler tais palavras. De repente, outra voz: “Penetra surdamente no reino das palavras, cada uma delas tem mil faces secretas sob a face neutra”. A partir daí, não há como escapar. Sinto-me com-ple-ta-men-te presa àquelas frases.

Então, REFLITO. A reflexão me proporciona interpretação. Interpreto. Carrego em mim o que capto das expressões lidas, a essência de cada oração dita. E essa essência (re)tirada a partir da interpretação é o suco que se extrai de uma fruta que acabou de ser descascada. E é isso que faço com cada palavra que leio: descasco-as. E continuo a decifrar.

Meus pensamentos vão além. Encanto-me. Descubro que muitas das “faces secretas” se mostram aos meus olhos. Percebo que minhas interpretações surtem efeito. Emociono-me. Como é bom viver as palavras.

Mas, à medida que leio, noto que o texto vai tomando ares de término. Então aproveito os últimos ditongos e os últimos hiatos da leitura que vai se esvaindo, esvaindo, esvaindo... Enfim, o que eram palavras, viram ponto final. E o texto toma seu fim.

Na última linha, uma frase-destinatário: “um beijo carinhoso em teus olhos ou somente um beijo afetuoso”. Minha’alma se enche de um luxo radioso de sensações. É o melhor de todos os beijos. Agradeço.

Tiro os olhos da tela. E o cansaço me vence. Vou dormir.
Um beijo a ti também.


Originalmente escrito por Ana Paula em 20/12/08, ainda de madrugada.

2 comentários:

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  2. Bem sei, a Poetisa sente a falta de um olhar, ainda que “oblíquo e dissimulado”, contudo, um olhar que a reconheça como alguém que está compartilhando emoções.
    O Poeta, ourives de sentidos, semeador de acontecimentos, provocador dos bons encontros, o animador da faísca da pororoca, não percebeu, ainda, que a onda promovida por suas palavras atingiu seu objetivo, deitou sementes sobre a terra, alastrou-se, não como a grama em um campo, mas como uma grande explosão de paixões. Contudo, ele esqueceu de, ao menos por curiosidade, ir à janela para presenciar e vivenciar o movimento que ele mesmo iniciou ao flertar e seduzir os leitores para a sua obra.

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