segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Ourives de Palavras

Não é novidade. Os textos de Michel Melamed me perturbam. Causam em mim uma profunda excitação e uma disfunção descomunal. As palavras penetram de uma forma misteriosa e se fincam na parte mais intrínseca de meu ser. Não saem.
Fico atônita todas as vezes que, não somente leio, mas vejo e ouço o Pós-Poeta.
E, nesses últimos dias, dois dos escritos dele não pararam de se revirar dentro de meu espírito. A ‘Fábrica de Porcos’ e o trecho do Curta ‘Brasília 18%’, a toda hora, estalaram em mim. Algumas palavras se repetiram com mais freqüência, outras alfinetaram meu pensamento. Deixaram-me, como sempre, inquieta.
A porquidão se conectou à “selva brasileira, minha gente” e enxerguei a bandidagem política na Fábrica de Fazer Porcarias.
A realidade da política brasileira me indigna e não me faz pensar em outro aspecto senão como sendo, ela mesma, uma Produtora de Imundícies.
Assim, nessa visão espurca da politicagem e oscilando entre o lado bom e o ruim de nosso País, resolvi pesquisar outros escritos e/ou falados de Michel sobre assuntos parecidos.
Encontrei dois trechos de duas entrevistas que ele deu a dois Jornais.

Compartilho, então, com vocês esses trechos e peço para que expunham seus pensamentos sobre tal.

“Estamos doentes. Vemos, diariamente, nas primeiras páginas de jornais atitudes inaceitáveis. Andamos pela rua e não há indícios de civilidade. E todos saem impunes. Mas tenho a sensação de que o Brasil, em vez de ser tratado como um doente grave, é encarado como um país MORTO. Como um cadáver insepulto. Existe uma sensação generalizada de que nada pode ser feito. Quero acender uma faísca, uma carta de amor ao Brasil POSSÍVEL.”
Michel Melamed para o Jornal do Brasil em 3 de setembro de 2007

“Estou dividido entre o Brasil que amo e o Brasil que não suporto. O Brasil das milhões de maravilhas, da música rica que gera interesse, do orgulho compartilhado com todas as artes, de todos os clichês. Do país da mulher bonita, do clima fantástico, das riquezas naturais, do astral do povo. O Brasil das máfias em TODOS os segmentos, da violência diária na qual todo mundo é uma merda. Qualquer um chuta qualquer um e nada acontece.”
Michel Melamed para o Correio Braziliense em 2 de agosto de 2007

Um beijo mélico,
Aninha

4 comentários:

  1. Nossa se tivesse sido programado não teria sido tão sincronizado..engraçado como os textos q postamos ultimamente tem conectividade uma coisa puxando a outra "é a selva brasileira minha gente" e somos reféns dessa palhaçada toda, dessa politicagem intragável, quem poderia fazer algo apenas cruza os braços, finge q não sabe de nada, nada vê os "ceguinhos".Citando o Betinho: “o Brasil tem fome de ética e passa fome em conseqüência da falta de ética na política. Para nascer um novo Brasil, humano, solidário, democrático, é fundamental que uma nova cultura se estabeleça, que uma nova economia se implante e que um novo poder expresse a sociedade democrática e a democracia no Estado.” Está mais que na hora de, como Michel escreveu, acendermos também a nossa faísca, a nossa grande revolução será a da cidadania; o povo cobrando, fiscalizando, pra tentar pelo menos melhor alguma coisa...ficar parado é que não dá.

    beiJÓ. ^^

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  2. Mudanças são doídas, mas precisamos cada um de nós, brasileiros e brasileiras, passar por uma metamorfose, abandonar a vida de lagarta rastejante e alçar vôo. Não é fácil, trocar atitudes egoístas, mesquinhas e corruptas tem sido o dilema da humanidade. A organização de processos libertários, anti-fascistas, requer a participação ativa de todos.
    “Acreditar no mundo é o que mais nos falta; nós perdemos completamente o mundo, nos desapossaram dele. Acreditar no mundo significa principalmente suscitar acontecimentos, mesmo pequenos, que escapem ao controle, ou engendrar novos espaços-tempos, mesmo de superfície ou volume reduzidos. [...] é ao nível de cada tentativa que se avaliam a capacidade de resistência ou, ao contrário, a submissão a um controle” Gilles Deleuze.
    A convocação é para que cada um de nós saia de seu próprio deserto, de seu próprio terceiro mundo. “O Brasil POSSÍVEL” do Poeta pode estar na militância, aqui no sentido de ação prática, de promover movimentos, acontecimentos, mesmo pequenos, mas que provoque uma onda.
    Podemos começar... mudando a atitude... “as margens plácidas” não é lugar de “um povo heróico” ... e o “brado retumbante” é o nosso dever de cidadão dizendo NÃO à corrupção, à hegemonia dos países do hemisfério norte, ao massacre da mídia na cabecinha de nossas crianças, ao consumismo exacerbado e, o que mais lembrarmos.

    Bjus, Lu

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  4. Sim, o que falta no Brasil é civilidade,respeito ao próximo. Desde de pequena aprendi com meus pais que meu direito termina onde começa o do outro. Hoje vivemos o contrário, há um individualismo absurdo as pessoas só querem saber do seu. Como dizia minha avó "farinha pouca,meu pirão primeiro", essa velha frase sintetiza o que vivemos. Pq chamamos politicos de corruptos, quando nas pequenas coisas o somos tb,não somos honestos no pouco e nos orgulhamos disso. Chega de sermos sempre o país do futuro (que nunca chega) façamos o presente, mudemos!!!

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